“A mobilidade urbana – o caso da Margem Sul” constituiu o tema da quarta-feira cultural de 7 de março de 2018. Sobre ele dissertou o aluno José Luís Almeida Simões, engenheiro e reconhecido especialista no assunto. Estiveram presentes cerca de trinta e cinco ouvintes, entre membros do Conselho Diretivo, professores e alunos da Unisseixal, bem como membros da Junta de Freguesia de Amora, nomeadamente o seu presidente, Manuel Araújo.
O palestrante começou por afirmar que a Margem Sul tem problemas de mobilidade. Porquê? Porque está situada na faixa litoral e nos arredores de Lisboa, uma e outros altamente povoados. Existe, com efeito, uma relação direta entre mobilidade, por um lado, densidade populacional e urbanismo, por outro.
O modelo de transporte que domina em Portugal assenta no automóvel, tanto de passageiros como de mercadorias – o que é totalmente errado. Em Lisboa entram diariamente cerca de 360 000 carros. Ora a cidade foi pensada para pessoas, não para carros. Se não houvesse tantos automóveis dentro da cidade, poder-se-ia fazer outro aproveitamento do espaço livre.
Além de caros, os automóveis lançam fumo na atmosfera, o que polui o meio ambiente. O ácido carbónico exalado dissolve o carbonato de sódio (corais, conchas, etc.), alterando o ecossistema. O aquecimento global, que resulta em parte dessas emissões, tem consequências terríveis. Uma delas são as alterações climáticas. O petróleo é demasiado bom para ser queimado. Consciente do que se passa, a União Europeia comprometeu-se a reduzir as emissões de carbono em oitenta por cento até ao ano de 2050. O comboio e o barco são soluções mais racionais que o transporte rodoviário. Para pequenas distâncias também o é a bicicleta, com ou sem motor. O avião apresenta os seus problemas outrossim, designadamente a deslocação de e para o aeroporto. Aos governos se impõem soluções racionalmente pensadas, determinadas e de futuro.
Outra consequência grave dos transportes, mormente privados, são os sinistros: em 2017, morreram 509 pessoas em acidentes de viação e apenas 155 de acidentes de trabalho.
A matéria dava pano para muitas mais sessões. O Engº Almeida Simões tinha a lição bem preparada, pelo que os ouvintes gostaram do que ouviram. No fim, o Reitor ousou até dizer que a mesma tinha de ser publicada, para ser dada a conhecer a mais gente. Parabéns, pois, ao palestrante!
Luís Alpico
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