Visita de Estudo da Turma de Património Histórico e Natural, do Prof. Manuel Lima, por terras do Alto Alentejo
Foi às 6:30 h do dia 8 de junho que iniciámos a 3ª Visita de Estudo deste ano letivo, organizada e planeada pelo nosso professor, a qual teve como objetivo a Casa Museu José Régio, em Portalegre, o Mosteiro de Flor da Rosa, na Vila de Flor da Rosa e a Coudelaria, de Alter.
Depois de uma pequena paragem, no percurso, para um reconfortante pequeno-almoço, chegámos a Portalegre e ao nosso primeiro objetivo. A Casa Museu José Régio, museu biográfico e etnográfico.
José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, uma das figuras cimeiras das letras portuguesas do séc. XX, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra e foi professor de Português no Liceu Nacional de Portalegre (atual Escola Secundária Mouzinho da Silveira), durante o período de 1928 a 1967.
Para além de poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico literário, fundador da revista literária “Presença” e colaborador da revista literária “Seara Nova”, José Régio foi um ávido colecionador, em especial de Arte Sacra e de Artesanato.
Instalada num edifício do séc. XVII, uma antiga pensão onde José Régio viveu durante 34 anos, e que acabou por alugar totalmente, a Casa Museu reúne uma vasta e valiosa coleção de iconografia religiosa, para além de muitos outros objetos de artesanato, que se encontra repartida pelas diversas salas do edifício: a Sala dos Cristos, dos Santo António, dos Barros, das Visitas, das Cómodas (salão Nobre), dos Almofarizes, das Cozinhas Alentejanas e outras.
José Régio faleceu em 1969. Muito agradados pelas peças expostas e pela importante explicação que a funcionária do museu nos deu, sobre a vida e a obra do escritor, seguimos para o segundo objetivo da nossa visita de estudo.
O Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, ou Mosteiro da Ordem Hospitalar de Flor da Rosa, é um mosteiro fortificado onde residiram alguns dos mais famosos priores portugueses da Ordem de Malta. A partir do séc. XVI a Ordem do Hospital passou a denominar-se Ordem de Malta.
Imponente monumento do séc. XIV, e o mais importante exemplo de mosteiro fortificado existente na Península Ibérica, foi mandado construir em 1356 por D. Álvaro Gonçalves Pereira, 1º Prior do Crato e pai de D. Nuno Álvares Pereira. D. Nuno Álvares Pereira, que tem uma estátua no exterior do mosteiro, poderá ter nascido em Flor da Rosa, a 24 de Junho de 1360, mas Cernache do Bom Jardim, na Sertã, é outra hipótese como local de nascimento.
O mosteiro, composto por 3 edificações, a Igreja fortaleza, o Paço acastelado e outras dependências conventuais, sofreu alterações durante os séculos XVI e XVII. No terramoto de 1755 e num temporal devastador em 1897, o mosteiro sofreu graves danos e parte da Igreja desabou. Entre os anos 40 e 60 do séc. passado, o monumento foi integralmente restaurado. Na década de 90 o conjunto foi reconvertido em Pousada de Portugal.
Para além da Pousada de Portugal, no interior do mosteiro encontramos o túmulo de D. Álvaro Gonçalves Pereira e o Núcleo de Escultura Medieval do Museu Nacional de Arte Antiga, constituído por um conjunto de esculturas em pedra, de temática Mariana, executadas entre os séculos XV e XVII, da Escola Portuguesa.
Após esta interessante visita, acompanhada por um guia local que nos falou sobre a história do monumento, e durante a qual tivemos o grato prazer de assistir a uma divertida representação alusiva à Lenda do nome Flor da Rosa, pelos reputados atores Alda Correia e José Correia, nossos estimados colegas, seguimos para Alter, onde almoçámos no “Churrasquinho Alentejano”, antes de seguirmos para a Coudelaria de Alter do Chão, terceiro objetivo da visita de estudo.
A Coudelaria de Alter do Chão foi criada em 1748 pelo Rei D. João V, com vista à criação de cavalos lusitanos “Alter Real”. Instalada na Herdade da Tapada do Arneiro, propriedade da Casa de Bragança, a cerca de 4 Km da Vila de Alter do Chão, tem uma área de cerca de 800 hectares. Foi a D. José I, no entanto, que coube o mérito da estruturação da coudelaria.
No século XIX a coudelaria passou por períodos difíceis devido à instabilidade da vida nacional: roubos dos melhores cavalos, vandalismo das instalações, redução da área de pastoreio, cruzamentos com o objetivo de produzir cavalos de tiro e, depois, de cavalos de corrida, ficando a produção de cavalos de Alter Real para uma posição secundária, etc.
Com a proclamação da República, a coudelaria foi transferida para o ministério da Guerra e, mais tarde, para o Ministério da Economia, sob jurisdição da Direção Geral dos Serviços Pecuários, tendo como preocupação a recuperação do cavalo Alter Real, na altura (1942) quase em extinção. Em 2007 a coudelaria é integrada na Fundação Alter Real e a partir de Agosto de 2013 passou a ser gerida pela Companhia das Lezírias.
Durante a nossa visita tivemos oportunidade de observar as cavalariças, o picadeiro, a saída da eguada (quando as éguas saem para a pastagem com as crias) e, mais tarde, visitar a Casa dos Trens (inaugurada em 2001), onde está exposta uma coleção de arreios e de carros de cavalos do séc. XIX, pertencentes `a coudelaria, e a Galeria de Exposições (Museu do Cavalo), inaugurada em 1999, que acolhe a exposição “O cavalo e o homem” , onde também é possível ver peças arqueológicas encontradas na Tapada dos Arneiros. A nossa visita durou cerca de 2 horas, e durante todo este tempo fomos acompanhados por duas simpáticas colaboradoras da coudelaria que nos proporcionaram toda a informação sobre a atividade desta importante unidade de criação dos nossos belos cavalos Lusitanos.
Terminadas as visitas programadas, regressámos a Amora. Com muito mais saber e cientes do muito que o nosso pequeno país ainda tem para nos mostrar. Uma vez mais o nosso agradecimento ao Prof. Manuel Lima pela sábia escolha dos locais que temos visitado.
Texto de Carlos Neves e fotos de Alberto Maia
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