Base Aérea do Montijo BA6
“Aeroporto na BA6: do grande dilema ao grande enigma”
Integrado no âmbito das Quartas-Feiras Culturais da Unisseixal decorreu no passado dia 20 Novembro 2019 uma Palestra com o titulo “Aeroporto na BA6: do grande dilema ao grande enigma”.
O Palestrante começou por abordar a criação do Aeroporto na Portela em 1942 e as adaptações posteriores até á atualidade de forma a dar resposta á procura que se foi verificando.
A Palestra incidiu sobre os projectos que estão previstos para o Aeroporto da Portela e a transformação da BA6 no Montijo em aeroporto comercial, assim como o conhecimento sobre o Estudo de Impacto Ambiental que foi divulgada pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente).
O Palestrante, que esteve presente nas 2 sessões públicas promovidas pela Agência Portuguesa do Ambiente, classificou de fraco nível técnico, com pouca idoneidade e uma série de falsidades os Estudos Parciais que integram aquele EIA.
Em 1942, quando a Portela entrou ao serviço, os aeroportos não podiam localizar-se a mais de 7 km das localidades que serviam.
Por razões de segurança aeronáutica e das populações, da poluição atmosférica, do ruído produzido e dos efeitos sobre as populações nas suas proximidades, a tendência actual, que já tem algum tempo, é que os aeroportos sejam localizados a dezenas de Kilómetros das localidades.
No que se refere ao aeroporto da Portela foram abordadas as obras previstas que preconizam o desaparecimento da pista cruzada, que é desaprovada pelos pilotos com os problemas daí decorrentes designadamente a necessidade do aeroporto alternativo e que só poderá ser Porto, Faro e Beja.
Os custos previstos, as implicações com a retirada de infraestruturas aeronáuticas actualmente sediadas no “campus” do aeroporto da Portela, a utilização de um novo sistema de controlo e de navegação aérea, o acréscimo do número de voos previstos para a Portela e os problemas de segurança daí decorrentes designadamente os provocados pelo ruído, pela poluição atmosférica e pela falta de segurança para as populações afectadas no cone de aproximação às pistas.
No que se refere á transformação da BA6 para aeroporto comercial, foram abordadas as obras previstas com o acréscimo da pista em zonas lodosas do estuário do Tejo e os problemas de geotécnica e de engenharia que isso implica além dos custos elevados que tal acarreta. O impacto que irá ter sobre a avifauna devido á localização escolhida, em pleno estuário do Tejo, a caracterização da avifauna que frequenta o estuário, o tipo de aves e a sua envergadura, o seu efectivo ao longo do ano, as rotas migratórias das aves, os problemas com o “bird stricke” (colisão com aves), a afectação das zonas habitacionais no cone de aproximação nos concelhos do Seixal, Barreiro, Moita e Montijo.
O que está previsto para o Montijo é criar um aeroporto “ponto a ponto”, com os problemas daí decorrentes para os passageiros nas ligações entre voos, não vai ter serviço de carga área e será abastecido por camiões-cisterna e não tem qualquer possibilidade de expansão futura.
O Palestrante considera que, a desenvolverem-se as obras de ampliação no actual aeroporto da Portela nos termos em que está previsto, a necessidade de construção de um aeroporto na BA6 nunca se verificará, porque no que concerne á aviação comercial não é sustentável o crescimento nas taxas recentes e a passagem de 29 M Pax para os 50M Pax – que é o que se prevê para o acréscimo da capacidade na Portela - quando as obras estiverem concluídas.
Na sua opinião, também não é sustentável o crescimento nas taxas recentes utilizando o mesmo tipo de aeronaves atuais face á saturação do espaço aéreo e da própria capacidade de absorção da Região e do País e que tal só se conseguirá com aeronaves de grande capacidade unitária (Wide-bodies).
Se, apesar de contrariamente a todos os critérios técnicos independentes e idóneos, avançar um aeroporto comercial na BA6, será mais um “elefante branco” porque nenhuma companhia área está interessada em operar naquele aeroporto e, mais uma vez, verificar-se-á o subaproveitamento de mais um aeroporto, como neste momento acontece com o aeroporto de Beja e o desperdício e a má utilização de dinheiros públicos que são as receitas das taxas aeroportuárias cobradas pela ANA.
A afirmação que o Estado Português não vai pagar nada é falaciosa, porque aquelas infraestruturas aeronáuticas serão pagas pela ANA que arrecada as receitas aeroportuárias que cobra pela concessão do ESTADO e que poderia e deveria ser este a fazê-lo.
Na opinião do Palestrante, o caminho que está a ser seguido é um erro colossal e com graves problemas e elevados custos para a Região, para o País e para as populações afectadas (Lisboa, Seixal, Barreiro, Moita e Montijo).
Em termos de segurança aeronáutica, com menores impactos negativos para o ambiente e para a saúde das populações afectadas, com capacidade de operarem todos os tipos de avião (incluindo o A380) e comodidade na ligação entre voos para os passageiros.
Pelas razões apontadas, o Palestrante defende que a melhor solução para o País e para a Região é a criação do NAL no CTA (Campo de Tiro de Alcochete) de forma faseada (que tem Avaliação Ambiental Estratégica válida) e simultaneamente a progressiva desativação do Aeroporto da Portela.
Tendo em vista o desenvolvimento de uma rede de transportes à escala regional naturalmente que é necessário criar-se, a médio prazo, uma 3ª travessia sobre o Tejo (exclusivamente ferroviária) que simultaneamente fecharia a malha que hoje não existe entre as 2 margens do Tejo em transporte de mercadorias por via ferroviária e descongestionaria o híper centralismo na cidade de Lisboa que é insustentável em termos racionais de ordenamento do território e seria uma ligação rápida e cómoda do novo aeroporto à cidade de Lisboa.
Engenheiro José Luís de Almeida Simões
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