No dia 2 de dezembro 2019, um grupo de alunos da antiga turma de Questões Ambientais (Professora Mariana Mareco), fizeram uma visita de estudo “surpresa” conforme o prometido pela professora no ano passado; este ano letivo iríamos realizar três visitas uma em cada período.
Partimos logo pela manhã de Amora e durante a viagem foi-nos dada uma introdução sobre aquilo que iríamos visitar, pela Professora Mariana Mareco e pelo Professor Álvaro Pereira da turma “Descobrir a Arqueologia” da Unisseixal, que também nos acompanhou.
História de Alcácer do Sal
Antes do domínio dos romanos, chamava-se Eviom e mantinha fortes relações comerciais com os povos mediterrâneos, na posse dos romanos, passou a Salatia Urbs Imperatoria e tinha cunhagem de moeda e direitos iguais aos dos municípios do Antigo Lácio. Alcácer, foi ainda capital episcopal no período Visigótico, passando para o domínio Árabe nos finais do século VIII e tornando-se assim uma das praças mais poderosas da Península. No final do século X foi cobiçada por uma armada Viking. Em 1158, começaram as tentativas de conquista por parte de D. Afonso Henriques, tendo passado definitivamente para o domínio Português em 1217, no reinado de D. Afonso II.
Foi nesta vila que D. Manuel I casou com a Infanta D. Maria, filha dos reis Católicos de Espanha, em 1500. Já nesta época, o castelo, originalmente construído pelos Árabes, deixara de ter a sua vocação militar, tendo passado a ser um convento Carmelita de Aracelli ainda durante o século XVI.
Ilustres filhos de Alcácer do Sal, foram o matemático e astrónomo Pedro Nunes, (séculoXVI), e o escritor Bernardim Ribeiro, nascido na vila do Torrão (século XV). Em 1833, Alcácer do Sal assiste a uma das batalhas que opuseram liberais e miguelistas.
Chegados ao Castelo, tínhamos uma guia turística à nossa espera, (muito simpática e “seixaleira”) da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, que nos acompanhou durante todo o dia, onde nos falou das características de toda esta região.
Do Castelo, observámos uma paisagem deslumbrante, com uma vista sobre o estuário do Sado, que é atravessado por três pontes e é dos poucos rios portugueses que corre de sul para norte, percorrendo um vasto vale verdejante, onde se produzem a cortiça, o arroz e o pinhão, que trazem a riqueza a esta região.
Castelo de Alcácer do Sal
Tem um património de valor relevante. Erguido na mais alta colina da cidade de Alcácer do Sal, a imponente fortificação do Castelo e suas muralhas albergam hoje no seu interior diversos edifícios de interesse, nomeadamente: a Pousada D. Afonso II, a Cripta Arqueológica, a Igreja de Santa Maria do Castelo e a estação arqueológica do Fórum Romano e da área residencial. Com um papel determinante na vida da cidade, o seu nome deriva da palavra "Al-Kassr" que, em árabe, significa castelo.
O espaço foi durante largos anos palco de lutas entre cristãos e muçulmanos e assistiu a momentos decisivos na história de Portugal. De construção muçulmana, é um dos poucos exemplares arquitetónicos em taipa, que resistiram ao tempo e chegaram aos nossos dias.
Cripta Arqueológica e Museu
Vinte e seis séculos de história cruzam-se neste museu que oferece uma verdadeira viagem no tempo numa atmosfera única, onde é possível ver vestígios de todos os povos que aqui viveram.
O subterrâneo, escavado no subsolo da fortaleza e do antigo Convento de Aracaeli, que hoje acolhe a Pousada D. Afonso II, oferece um percurso labiríntico onde se cruzam testemunhos da ocupação humana do século VII a.C. até ao século XIX, percorrendo os períodos da idade do ferro, romano, visigótico, islâmico, medieval, cristão, moderno e contemporâneo. As estruturas, objetos e documentos refletem a memória do quotidiano das gentes que por aqui passaram.
Igreja de Santa Maria do Castelo
A Igreja de Santa Maria do Castelo, tal como a maioria dos edifícios religiosos medievais da cidade, foi fundada pela Ordem de Santiago após a reconquista da cidade por D. Afonso II, em 1217. Em tempos a mais importante igreja e o principal local de encontro em Alcácer do Sal, no seu adro eram divulgadas as atas camarárias e as ações governamentais durante a Idade Média.
As duas portas são também importantes. A porta lateral é a peça mais significativa do ponto de vista arquitetónico: é larga, e está bem conservada, apresentando quatro arcadas de estilo românico. No século XVIII substituiu-se o frontão com o escudo da Ordem de Santiago, abrindo-se uma janela que ilumina o coro.
Estação arqueológica do Fórum Romano
Situado na área da igreja de Santa Maria do Castelo o Fórum Romano foi identificado em 1983. Possui uma grande muralha totalmente construída em pedra e uma sala de planta retangular, formada por lajes de mármore branco-acinzentado.
Do espólio encontrado merecem também destaque alguns fragmentos de inscrições, pedaços de estátuas e frisos de molduras em mármore. Estes edifícios foram ocupados também durante o período muçulmano (século VIII a XI) como o provam os restos de habitação, silos de armazenamento de alimentos, condutas de água e fossas encontradas em níveis superiores.
Pousada D. Afonso II
Aqui podemos testemunhar vestígios deixados por importantes culturas, tais como a Fenícia, a Árabe ou a Romana. Encontra-se envolvida por uma bonita paisagem que engloba o percurso do Rio Sado.
Após o almoço, fomos visitar o Museu Municipal Pedro Nunes.
Fundado a 15 de outubro de 1894. Após anos de abandono e desvio de algum do seu rico espólio, em 1914 a autarquia instalou o museu na Igreja do Espírito Santo, comprada para o efeito, onde hoje se mantém. No 25 de Abril de 1974 inaugurou uma nova fase na evolução do espaço. A antiga denominação de Museu Municipal de Alcácer do Sal foi alterada para Museu Municipal Pedro Nunes em 10 de março de 1979, homenageando deste modo um dos maiores vultos nascidos nesta cidade. Em 1988 abriu oficialmente ao público com uma exposição permanente de objetos arqueológicos.
Fechado novamente em 2007, devido ao seu avançado estado de degradação, tiveram no entanto em março de 2017 inicio as obras de requalificação, que visaram tornar o Museu Municipal Pedro Nunes num espaço adequado às suas funções, tendo sido inaugurado a 6 de abril de 2019.
Ao fim da tarde fomos dar um passeio no Galeão Pinto Luísa, no rio sado, onde pudemos apreciar o pôr do sol e admirar a beleza desta cidade iluminada de muitas cores. As luzes de natal transformam Alcácer do Sal, que já de si é bonita, num verdadeiro postal de natal e até tivemos como companhia a TVI.
Obrigada Professora Mariana Mareco, pelo magnífico dia que nos proporcionou, cheio de cultura, mostrou-nos um Alcácer do Sal que a maior parte dos seus ex-alunos não conhecia e ficamos à espera da próxima visita de estudo.
Juntamos um slidely com as fotos e um vídeo que nos foi gentilmente cedido pela Câmara Municipal de Alcácer do Sal.
Bárbara Maia
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