Quarta-Feira Cultural – 26 março 2025

No dia 26 de março, a Unisseixal acolheu mais uma Quarta-Feira Cultural, desta vez com o auditório completamente lotado de alunos, professores e amigos. O evento teve como tema "Pregões de Lisboa" e contou com a orientação da professora Luísa Ramos, que foi acompanhada por seus alunos da turma “Ateliê de Escrita Criativa” , além de um grupo de convidados especiais. Entre eles se destacaram o Maestro José Carita, a professora Lucina Morais e seus talentosos alunos de canto, Rafael Afonso, Lucas Bontea e Santiago Pereira, que encantaram a plateia com fados alusivos ao tema.

A professora Luísa Ramos iniciou a sessão com um breve histórico sobre a tarde cultural, passando a palavra em seguida para a Reitora, professora Mariana Mareco, que fez a abertura oficial do evento.

Segue um resumo de como foi essa inspiradora Quarta-Feira Cultural, conduzida pela professora Luísa Ramos.

Lisboa, a cidade das sete colinas, é um lugar onde o passado e o presente se entrelaçam numa harmonia singular, tornando-a imortal na literatura e na cultura portuguesa. A professora Luísa Ramos, ao falar sobre Lisboa, transportou os presentes para os cantos dessa cidade que respira história, fado, tradição e poesia em cada esquina. Para ela, Lisboa é mais do que uma capital, é o coração pulsante de uma nação.

A poesia da cidade, impregnada de melancolia e encanto, encontra expressão nas palavras de grandes nomes da literatura portuguesa como Amália Rodrigues, Cesário Verde, Eça de Queirós e Fernando Pessoa. Amália, a "rainha do fado", elevou a música de Lisboa a património mundial. O fado, com sua saudade imortal, ecoa pelas ruas estreitas de Alfama e Mouraria. É impossível falar de Lisboa sem evocar Amália, cuja voz se tornou sinónimo da alma da cidade.

Cesário Verde, por sua vez, captou a Lisboa quotidiana, descrevendo com maestria os detalhes das ruas e seus habitantes. Seus versos retratam a Lisboa do trabalho e das lutas, mas também sua beleza singela e inconfundível.

Já Eça de Queirós, mestre da crítica social, ofereceu um olhar aguçado sobre a sociedade Lisboeta do século XIX, revelando as intrincadas relações de classe, política e cultura que moldam a cidade até hoje.

Mas talvez o nome mais emblemático associado a Lisboa seja o de Fernando Pessoa. O poeta da alma portuguesa transcendeu o tempo e os limites da cidade, abordando Lisboa de forma profunda e multifacetada através de seus heterônimos — Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Em suas palavras, Lisboa aparece envolta em saudade, desespero e contemplação do quotidiano.

A Lisboa descrita por esses autores é impregnada de sons e imagens que fazem parte do imaginário coletivo. Os gritos das varinas com as suas cestas de peixe, as vozes dos ardinas nas praças, a presença constante do amolador de tesouras/navalhas e da leiteira, percorrendo as ruas são ecos de um tempo que, embora já distante, ainda pode ser sentido no ar da cidade. O aroma inconfundível das castanhas assadas no inverno e os sons das guitarras e da gaita de foles transportam quem passeia pelas ruas de Lisboa para uma época em que cada esquina era uma história e cada voz, um poema.

E, não podemos esquecer do Rio Tejo, que abraça a cidade com sua majestade, refletindo em seu espelho as imagens de Lisboa. O rio é um dos símbolos da cidade, levando consigo tantos sonhos quanto os lamentos dos que olham para ele à procura de algo mais.

Lisboa é, assim, um lugar de múltiplas faces e uma diversidade cultural rica, visível em suas ruas e imortalizada nas palavras de seus maiores escritores e poetas. Ao falar de Lisboa, a professora  Luísa Ramos não apenas celebra a cidade, mas também eterniza suas memórias através da literatura, da tradição popular e do fado, mantendo viva sua essência no coração de cada lisboeta e de cada visitante que se perde por suas ruas.

Parabéns à Unisseixal, à professora Luísa Ramos e a todos os envolvidos nesta Quarta-Feira Cultural pela magnífica tarde que nos proporcionaram!

BM/AM